sexta-feira, 9 de março de 2018

Qual a resposta? (profª Schirley)


Não mais do que de repente, acordei numa madrugada e escrevi:

QUAL A RESPOSTA?
                 
              Se perguntassem a você, como ensinar a ser bondoso, generoso e solidário, como você responderia?
           Que pergunta difícil de ser respondida. Fácil é ensinar a fazer tricô, a costurar, a bordar, a consertar a televisão, a construir uma casa;  fácil é ensinar a ler, ensinar os números e a fazer contas; fácil é ensinar física, química e tantas outras coisas.
               Mas como ensinar a ser solidário?
           Isso é simplesmente atitude. Implica em sensibilidade, sentimentos, emoção e ação. Como ensinar a alegria e a emoção de pegar na mão do cego para atravessar a rua?  Sentimento não se ensina, se pratica, se sente com o coração.  Coisas que moram dentro do nosso coração, não podem ser ensinadas.
            Já não sei mais o que dizer... Mas, felizmente, lembrei-me do grande escritor Rubem Alves. Ele assim se expressou e muito bem explicitou, quando escreveu a Crônica “É Assim Que Acontece a Bondade.”
“...Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como, se ele não ouve? E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego?  De que pedagogia irei me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há coisas que não podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das palavras. Coisas que podem ser ensinadas são aquelas que podem  ser ditas.  (pg. 10 do livro “As Melhores Crônicas de Rubem Alves”).
          Rubem Alves,  nesse livro acima citado, ainda diz: “Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A  solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existem em voo. Engaiolados, esses pássaros morrem. A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras.” (pag. 11).
            Rubem Alves continua: “O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, anatomia, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do corpo., Estão enterradas na carne, como se fossem sementes à espera...” ( Pag. 11)
          E continua : “ Já disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna humanos. É um sentimento estranho, que perturba nossos próprios sentimentos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro". (pag. 12) .
       “A solidariedade  é a forma visível do amor. Pela magia do sentimento de solidariedade, meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade.” (pag.13).
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Caros leitores, não deixem de ler O livro de Rubem Alves: “As Melhores Crônicas de Rubem Alves”. Ed. Papirus.

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