quarta-feira, 4 de abril de 2018

POR MAIS LEITURA (Profª Schirley)


       “No Brasil, a preocupação educacional na área da linguagem tem incidido muito mais sobre a escritura do que sobre a leitura, motivo por que os linguistas têm-se voltado, em seus trabalhos aplicados, a se dedicar mais aos problemas da escrita e da redação. “ Diz ainda Mary Kato, em seu livro “O Aprendizado da Leitura” – Ed. Martins Fontes, que o interesse pela leitura entre nós é bastante recente.
        Devo ser honesta, dizendo que desde cedo, quando comecei a lecionar Língua materna, logo percebi que os alunos que liam, por influência da família, (eram bem poucos), escreviam com mais coerência e argumentos.  Também aqueles que tinham, no seio da família,  a tradição dos serões em que os idosos narravam os contos da tradição oral. Isso lá pelos idos de 1963 a 1970. O que muito me influenciou para a prática da leitura e o prazer de ler foi, em primeiro plano, a prática do meu pai, que assinava e lia o jornal “Correio do Povo”, ainda em 1956. E mais tarde, o curso de Letras, feito na Universidade de Passo Fundo – RS. Com a professora Tania Rosemberg. Professora dinâmica e apaixonada pelos livros, pela leitura interativa.  Foi ela que realizou, no sul do Brasil, mais precisamente na Universidade de Passo Fundo, a Primeira Jornada Literária. Um evento de magnitude, onde os palestrantes eram professores exímios da UNICAMP de Campinas-SP.  Também participei, em Campinas, do COLE (Congresso de Leitura do Brasil.). Outro evento que apaixonava qualquer professor que lecionasse com AMOR e já tivesse uma outra ótica sobre a presença e o lugar da leitura na escola.  Destaco aqui o professor e escritor Ezequiel Theodoro da Silva. Nunca esquecerei e sempre que posso retomo a leitura desses quatro livros importantíssimos: “O Ato de Ler” (Cortez&Autores Associados), “Leitura e Realidade Brasileira” (Mercado Aberto) , “Leitura na Escola e na Biblioteca” (Papirus)  e “Elementos de Pedagogia da Leitura” (Martins Fontes) . E claro, muitos outros dele e de outros autores e professores renomados do Brasil.  Esses livros têm como horizonte a transformação da leitura em uma prática social neste país de poucos leitores.
                Confesso que, a partir de então, juntei-me às muitas lutas por este país afora a favor de uma política séria e comprometida com a leitura literária, por excelência.  Que o digam ex-alunos do “Colégio Mater Dolorum”, do “Belisário Pena”, os frequentadores - leitores e bibliotecários da Biblioteca Pública Municipal, os colegas professores e bibliotecários das escolas Municipais (quando estive na equipe municipal da educação) e mesmo de outras escolas que tive a honra de estar junto a Encontros sobre Troca de Saberes nesse aspecto da leitura  multissignificativa e interdisciplinar.  As Bibilotecas  das nossas escolas são referências da luta pelo prazer de ler e de se informar. É uma luta que continua e deverá continuar. Afirmo, literalmente, que lutar pela leitura, pelo livro, pela biblioteca é uma forma de lutar contra o ensino autoritário, repetitivo, alienante e... livresco.  O trabalho escolar, em todas as disciplinas deve considerar o processo de busca e de produção do conhecimento. A leitura caracteriza-se como um dos processos que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidade de transformação sociocultural futura. E, por ser um instrumento de aquisição, transformação e produção de conhecimento, a leitura, se acionada de forma crítica e reflexiva dentro ou fora da escola, levanta-se como um trabalho de combate à alienação, capaz de facilitar às pessoas e aos grupos sociais a realização da liberdade nas diferentes dimensões da vida.
                Por tudo isso e muito mais, as escolas precisam de bons livros, livros literários, livros informativos, periódicos e outros gêneros. As escolas precisam de professores  leitores,  de professores satisfeitos com as condições salariais e  com formação qualificada e competentes. As escolas públicas precisam de bibliotecas recheadas de livros. As escolas e professores precisam  de bibliotecas que tenham a ATITUDE: “POR MAIS LEITURA”.
Referência bibliográfica:  os autores citados.


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