“No Brasil, a preocupação
educacional na área da linguagem tem incidido muito mais sobre a escritura do
que sobre a leitura, motivo por que os linguistas têm-se voltado, em seus
trabalhos aplicados, a se dedicar mais aos problemas da escrita e da redação. “
Diz ainda Mary Kato, em seu livro “O Aprendizado da Leitura” – Ed. Martins
Fontes, que o interesse pela leitura entre nós é bastante recente.
Devo ser honesta, dizendo que desde cedo, quando
comecei a lecionar Língua materna, logo percebi que os alunos que liam, por
influência da família, (eram bem poucos), escreviam com mais coerência e
argumentos. Também aqueles que tinham,
no seio da família, a tradição dos
serões em que os idosos narravam os contos da tradição oral. Isso lá pelos idos
de 1963 a 1970. O que muito me influenciou para a prática da leitura e o prazer
de ler foi, em primeiro plano, a prática do meu pai, que assinava e lia o
jornal “Correio do Povo”, ainda em 1956. E mais tarde, o curso de Letras, feito
na Universidade de Passo Fundo – RS. Com a professora Tania Rosemberg.
Professora dinâmica e apaixonada pelos livros, pela leitura interativa. Foi ela que realizou, no sul do Brasil, mais
precisamente na Universidade de Passo Fundo, a Primeira Jornada Literária. Um
evento de magnitude, onde os palestrantes eram professores exímios da UNICAMP
de Campinas-SP. Também participei, em
Campinas, do COLE (Congresso de Leitura do Brasil.). Outro evento que
apaixonava qualquer professor que lecionasse com AMOR e já tivesse uma outra
ótica sobre a presença e o lugar da leitura na escola. Destaco aqui o professor e escritor Ezequiel
Theodoro da Silva. Nunca esquecerei e sempre que posso retomo a leitura desses
quatro livros importantíssimos: “O Ato de Ler” (Cortez&Autores Associados),
“Leitura e Realidade Brasileira” (Mercado Aberto) , “Leitura na Escola e na
Biblioteca” (Papirus) e “Elementos de
Pedagogia da Leitura” (Martins Fontes) . E claro, muitos outros dele e de
outros autores e professores renomados do Brasil. Esses livros têm como horizonte a
transformação da leitura em uma prática social neste país de poucos leitores.
Confesso que, a partir de então, juntei-me às muitas
lutas por este país afora a favor de uma política séria e comprometida com a
leitura literária, por excelência. Que o
digam ex-alunos do “Colégio Mater Dolorum”, do “Belisário Pena”, os
frequentadores - leitores e bibliotecários da Biblioteca Pública Municipal, os
colegas professores e bibliotecários das escolas Municipais (quando estive na
equipe municipal da educação) e mesmo de outras escolas que tive a honra de
estar junto a Encontros sobre Troca de Saberes nesse aspecto da leitura multissignificativa e interdisciplinar. As Bibilotecas das nossas escolas são referências da luta
pelo prazer de ler e de se informar. É uma luta que continua e deverá continuar.
Afirmo, literalmente, que lutar pela leitura, pelo livro, pela biblioteca é uma
forma de lutar contra o ensino autoritário, repetitivo, alienante e... livresco. O trabalho escolar, em todas as disciplinas
deve considerar o processo de busca e de produção do conhecimento. A leitura
caracteriza-se como um dos processos que possibilita a participação do homem na
vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos
de possibilidade de transformação sociocultural futura. E, por ser um
instrumento de aquisição, transformação e produção de conhecimento, a leitura,
se acionada de forma crítica e reflexiva dentro ou fora da escola, levanta-se
como um trabalho de combate à alienação, capaz de facilitar às pessoas e aos
grupos sociais a realização da liberdade nas diferentes dimensões da vida.
Por tudo isso e muito mais, as
escolas precisam de bons livros, livros literários, livros informativos, periódicos
e outros gêneros. As escolas precisam de professores leitores,
de professores satisfeitos com as condições salariais e com formação qualificada e competentes. As
escolas públicas precisam de bibliotecas recheadas de livros. As escolas e
professores precisam de bibliotecas que
tenham a ATITUDE: “POR MAIS LEITURA”.
Referência bibliográfica: os autores citados.
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